domingo, 1 de junho de 2008

7º Salão de Artes Esotérico da Associação Fluminense de Belas Artes

Medalha de prata pelo quadro "A Reforma do Leão"
Convite para o 7o. Salão de artes Esotérico AFBA
“O GRANDE CIRCO DE NABUCODONOSOR”
Acrílica sobre tela com pinceladas de goma laca.
Tamanho: 1,22x80
Indicado para medalha de ouro no Salão.
“A REFORMA DO LEÃO”
Acrílica sobre tela com pinceladas de goma laca
Tamnho: 1,22x80
Indicado para medalha de ouro no Salão.
Ganhador da medalha de prata.
O ponto de partida para a criação dos quadros foi a própria exposição. A artista já desejava realizar um trabalho de natureza mística, um trabalho um tanto onírico, sem a pressão do realismo. Com as informações “Salão Esotérico” e “Câmara dos vereadores” partiu para uma série de associações livres que deu origem a vários elementos nas telas, gerando imagens subconscientes. Há várias informações inconscientes ali, e certamente daqui a alguns anos a própria artista descubra mais alguns. Na verdade, o quadro é o que acontece na mente do observador enquanto ele lê as informações ali contidas. A artista simplesmente deixou o inconsciente agir sabendo que depois o consciente teria apagar os incêndios provocados. Temos em “O grande Circo de Nabucodonosor” a primeira tela. É uma colagem de imagens que aparentemente não parecem tão absurdas em conjunto. Há vários elementos circenses, ali. Todos plausíveis. Uma escada no canto esquerdo da tela, de onde caem duas coroas, um leão com asas segurando um navio (ora, é um circo, não é?), a arquibancada escura, a entrada por onde entram os carros do espetáculo. No meio da tela, um trapezista em chamas cortando o chão do picadeiro com uma espada flamejante, no canto direito da tela, há um homem com uma espátula na mão cortando um enorme bolo, e em primeiríssimo plano, uma enigmática domadora de leões com uma foice em sua mão. Estas são as imagens do “Circo”. À primeira vista, não se percebe bem que o circo está pegando fogo. Isto porque a artista quis reproduzir aquele efeito onírico que torna as coisas um pouco apagadas e confusas, embora as cores ainda estejam fortes em nossa mente. Um olhar mais imaginativo poderia dizer que o picadeiro azul e amarelo assemelha-se ao círculo na bandeira nacional. Ora, estamos diante de uma crítica de natureza política? Prossigamos: quem é o leão? O leão é Nabucodonosor,rei da Babilônia, na visão do profeta bíblico Daniel: um leão feroz e com asas de águia, que vinha rapidamente para construir seu império de violência, segundo o relato. Ao final, os dominados viram que Nabucodonosor nem era tão ruim assim, e que, na verdade, ele era terrível apenas para aqueles que o desafiavam, afinal, estamos falando de um imperador. Se Nabucodonosor é o leão, quem é a misteriosa domadora, aquela que o subjuga? Por que motivo usa uma foice e não um chicote? Ainda há outras perguntas sem respostas: e a coroa que cai? E para que a escada, se o circo está pegando fogo? Nada que o inconsciente diz é acaso ou sem importância, mas é preciso interpretar os códigos. Em “A REFORMA DO LEÃO”, a atmosfera é mais clara, mais límpida, menos ameaçadora, porém, ainda nebulosa. Em primeiro plano a artista pintou a Câmara Municipal de Niterói com um detalhe estranho: no topo, onde deveria estar um símbolo conhecido, está um espaço vazio. Na associação livre de idéias, aquele símbolo tornou-se um olho, mas se há algum olho comum, pareceu tão cego quanto o senso comum a que se referia Platão. Por isso foi deposto. Assim temos uma pista de que precisamos olhar a realidade com outros olhos. A reforma do leão está acontecendo no momento, na Câmara, uma reforma na fachada. Com a idéia da “reforma” física, a artista pensou numa reforma ideal, como no mundo ideal de Platão. Uma reforma realizada por operários que estão espalhados pelo quadro, como figuras brancas. Há duas taças fervendo, que podem estar cheias ou vazias, conforme a imaginação do observador: cada um examine-se a si mesmo. Leão é o rei da selva, esta imensa selva de pedra que vivemos, a qual chamamos de sociedade. Sem dúvida, “A reforma do Leão” é um a resposta ao “Grande Circo”. Se por um lado, temos o violento e louco Nabucodonosor, de outro, temos o Rei leão, que no mundo ideal poderia ser um tipo oposto de governante. Mas quem saberá? Este é o conteúdo manifesto dos dois quadros. O conteúdo latente, talvez os analistas o saibam. Talvez Freud explique, talvez apenas o tempo explique, talvez não seja explicável. No inconsciente, onde estão os quadros, a lógica e a razão não prevalecem.

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